segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Adiadas eleições na Parada de SP após reunião tumultuada e com presença recorde

Cerca de 80 pessoas compareceram na noite desta sexta-feira à sede da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT), na Praça Da República. Segundo Xande Santos, atual presidente (APOGLBT), a sede da ONG nunca recebeu tantas pessoas. “Nem em dia de Parada” segundo ele.

O motivo da presença recorde foi a convocação de eleições em meio a um clima de desavenças internas na entidade e após os graves problemas da última Parada (ausência da comunidade gay, briga com principal patrocinador e a Parada em si que acabou antes do público chegar).

Logo no começo da reunião Xande anunciou que não havia nenhum associado em dia com a instituição (e portanto ninguém apto a votar), que não havia chapas formadas e propôs anistia a todos os inadimplentes para que a eleição pudesse ter quórum. Após alguns protestos foi reconhecido que a Associação nunca enviou boletos de cobrança ou informe aos seus associados em todo esse tempo. Na eleição passada, há dois anos, havia apenas 18 pessoas capacitadas a votar.

Lula Ramires, do grupo Corsa, propôs que fosse aberto novo período de cadastramento de associados e que novas eleições ocorressem em seis meses, período mínimo exigido pelo estatuto da organização para que um associado tenha direito a voto. A partir daí estabeleceu-se uma acirrada disputa.

O lado non sense do encontro ficou por conta do microfone usado por todos a cada fala. O detalhe é que o microfone não estava ligado a qualquer aparato de som, e não servia para que os que não conseguiram entrar na sala ouvissem o que estava sendo dito. Era apenas para captação pela câmera que estaria documentando o encontro- vídeo encomendado pelo empresário Douglas Drumond. Apesar da bizarria da cena, de uma certa maneira serviu para dar ordem ao encontro, que prometia barraco em seu início.

Douglas, que anunciou candidatura à presidência da APOGLBT, sugeriu que todos os presentes votassem, sendo associados ou não. Foi colocada a impossibilidade legal desta via.
Julian Rodrigues, também do Corsa, chegou a propor que o mercado se mantivesse fora da Parada, que ela fosse exclusiva da militância, sugerindo que empresas do segmento devessem ser excluídas definitivamente do movimento.

Vinte e quatro falas e duas horas depois do começo da reunião chegou-se ao consenso de que o conselho de fundadores da associação deveria se reunir.


Microfone sem som foi o toque non sense no agitado encontro na Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo
O conselho de fundadores da Associação é formado por 11 pessoas, sendo que Beto de Jesus, por estar sendo processado pela Associação, não pode votar. Apenas quatro estavam presentes. E são esses fundadores que se reunirão nos próximos 15 dias para formar um comitê eleitoral e convocar novas eleições 30 dias depois.

Estima-se que as novas eleições devam acontecer até final de setembro, logo após a prestação de contas da atual diretoria.
Até lá permanece a atual diretoria.

‘Momento histórico’ foi termo usado por diversos participantes, já que abre a possibilidade de uma reestruturação mais do que necessária na APOGLBT, que tem sofrido de falta de uma crônica falta de representatividade e se afastado cada vez mais da comunidade lgbt de São Paulo.

*
Eu, que tentei várias vezes me associar e nunca consegui, descobri apenas durante a reunião que já sou associado e que serei anistiado pela inadimplência ( mesmo tendo tentado pagar algumas vezes), portanto terei direito a voto.
É fundamental que quem se interessa pela questões da equiparação de direitos, acredita que a Parada pertença à comunidade lgbt e que ela vem perdendo sua importância devido à gestão equivocada do pequeno grupo que se encastelou na sua direção, participe.

Associe-se, particpe das reuniões. Mesmo que as mudanças não aconteçam agora, precisamos reverter esse quadro e construir uma Associação da Parada que possa ser o grupo de militância lgbt representativo que Sâo Paulo, que tem a maior Parada Gay do mundo, até hoje não teve.


(Escrito por Andre Fischer para o Mix Brasil)

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