

Por Márcio Retamero*
Está sentindo atração por alguém do mesmo sexo? Tente analisar melhor essa sensação. Leia sobre o assunto, veja alguém aberto para conversar sobre isso com você. Sente-se melhor se comportando socialmente como o sexo oposto? A indicação é a mesma. Sim, você pode ser travesti, transexual ou transgênero. Ou não. Em ambos casos, não antecipe questões. Antes de você se ver frente à dúvida sobre o que vai fazer se você for LGBT, é necessário responder para si mesmo/a se você é ou não homossexual, bissexual, travesti, transexual ou transgênero.
Quer seja você hétero, homo, bissexual ou travesti, transexual ou transgênero tenha consciência plena que você não é uma aberração, alguém doente, errado, que deva ser "consertado/a" ou 'curada/o". Ser LGBT é tão normal quanto ser heterossexual. Sua sensação pode ser colocada como a de um negro em meio a uma sociedade que coloca como bom ou certo apenas o que é de outras etnias. Não é você que está errado/a por ser como você é, os outros é que devem deixar de ver a diversidade como algo errado. O mesmo vale para as mulheres em um ambiente que valoriza apenas o masculino. Quem está errado são os homofóbicos, os racistas e os machistas, não nós. Vai ser normal surgir o desejo de se ser como "os outros", ser igual.
Nem comece a pensar que o momento "certo" de se assumir tem a ver com a idade. O tempo que deve ser levando em conta é quando você se sentir bem, primeiramente, com você mesma/o. Esse é o "relógio" que deve ser consultado. Imagine ir para uma prova sem ter estudado, você terá condições mínimas para dar conta do recado! Isso vale para a saída do armário.
Muitas pessoas dão grande valor à família. E se ver como alguém que vai "destruir" os sonhos que pais, sem nos perguntar nada, tiveram para nós ou que vai ser em carne e osso algo que é contra a religião deles, por exemplo, não é a melhor das sensações. Pode ser devastador.
Ei, calma lá com o andor porque, no caso, a drag queen tá sem adesivo na peruca e figurino pode despencar. Também não precisa ser assim! Quer dizer, pode ser assim, mas, antes de sair do armário, pense no que de bom pode acontecer, claro, mas também veja se você dará conta do que de ruim pode vir. Sua família pode te expulsar de casa, você pode ser despedido/a do trabalho... Antes de mais nada, saiba de seus direitos para enfrentar isso. Os pais têm a obrigação legal de sustentar o/a filho/a até que ela/e termine os estudos por exemplo.
A maioria da população brasileira vive em unidades da Federação que colocam explicitamente em leis a proibição de atos discriminatórios contra LGBT. Um shopping inteiro pode até ser fechado por conta disso, sabia? Fe-cha-do. No mais, a Constituição é clara: nenhum tipo de discriminação pode ser aceita. Foi demitida/o por ser LGBT? Cabe um processo na Justiça do Trabalho contra isso. E sabe seu salário? Pois é, a indenização pode ser ele multiplicado por alguns bons números. Uma escola permitiu que uma aluna LGBT fosse discriminada? A responsabilidade de evitar que isso aconteça é da direção. Ela deve ser responsabilizada. Uma vendedora fez chacota por você ser LGBT? Lei do Consumidor e Código Penal nela para começar! A questão é essa: quem tem poder hoje em dia não é quem tem força física ou sabe gritar alto. É quem tem informação.
No mais, não precisa também pensar que sua vida será em um cartório processando pessoas e empresas. Cada vez mais a questão da diversidade de orientação sexual e identidade de gênero é debatida no país, defendida por governos e colocada na mídia de forma positiva. Estamos ensinando o Brasil a nos respeitar.
E se nós temos poder? Vamos ficar em apenas dois exemplos: sabe quem faz o maior ato cívico na história no Brasil do descobrimento, em 1500, até hoje? Nós LGBT e milhões de simpatizantes na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, a maior do mundo. E você saberia dizer quais são as maiores manifestações de direitos humanos da história recente do país? As paradas do orgulho esplalhadas por todos os cantos da nação. E aí, temos força ou não?
Se a saída do armário vai ser agora, amanhã ao meio-dia, ano que vem... Enfim, isso não é o mais urgente. A questão principal é vermos a cada dia se estamos deixando de ser completas/os, se estamos tornando nossa vida uma mentira em nome do que os outros querem e não do que nossa felicidade precisa para acontecer. O processo pode ser lento ou rápido, o que não pode ocorrer é ele não existir. Porque a dor de olhar para trás em nossas vidas e vermos que só vivemos em função dos outros e nunca em nome do que sonhávamos... Isso sim é deve ser difícil enfrentar. E tempo é algo que não se recupera.
Sejamos, todos e todas nós, felizes! Boa saída de armário para todas/os. Boa entrada em uma vida mais plena também!
Esse texto faz parte da campanha Dia de Sair do Armário 2009.
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse neste sábado que acabará com a restrição para que homossexuais sirvam no Exército. Obama disse que vai acabar com a política do "não pergunte, não conte" que permite que gays sejam militares se não revelarem sua orientação sexual.
Em parte do discurso ele citou a cantora Lady Gaga, que ficou de pé para aplaudi-lo. Ela também se apresentou cantando a música “Imagine” dos Beatles com direito a alterar a letra mencionando os direitos gays.(Fonte:http://cenag.terra.com.br/noticias_ler.php?id=OTYz )
A partir desta semana, transexuais e travestis do Estado de São Paulo terão acesso à cirurgia para retirada de silicone industrial pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O serviço, gratuito, será oferecido em pelo Ambulatório de Atenção Integral à Saúde das Travestis e Transexuais, instalado na capital. O procedimento é importante porque o silicone industrial não é próprio para o organismo e, injetado de forma inadequada, provoca deformidades e problemas de saúde.
Se você gosta de dar suas escapadinhas e fazer a safadinha no Autorama (foto), no Parque Ibirapuera, em São Paulo, é bom ficar de olho porque a polícia está marcando em cima de quem pratica os atos supostamente obscenos. A fiscalização é feita também em todo o parque, inclusive naquele bafônico bambuzal, viu?
O Estruturação, grupo LGBT de Brasília, está realizado um concurso fotográfico para promover o Dia de Sair do Armário, comemorado em 11 de outubro. Você tem até esta quinta, 08, para enviar uma foto explicitando o quanto assumir e aceitar a própria homossexualidade pode significar uma real libertação.
Todo dia é dia se se viver como somos, mas 11 de outubro no Brasil passará a ser um dia especial quando o assunto for viver longe da mentira e da omissão no que diz respeito à homossexualidade, à bissexualidade e à identidade de gênero. O Estruturação - Grupo LGBT de Brasília, a partir deste ano, passará a comemorar o 11 de outubro, Dia de Sair do Armário.